O clima parecia prestes a desmoronar desde o instante em que Elara saiu correndo pela porta. Tudo nela tremia — as mãos, os pensamentos, o coração. Cada passo era uma tentativa desesperada de respirar, de entender o que estava vivendo… ou sobrevivendo.
O corredor estava vazio, mas por dentro ela estava lotada: de medo, de culpa, de raiva — e daquilo que mais odiava admitir: desejo.
— Elara! — a voz de Kael ecoou atrás dela.
Ela parou, mas não olhou para ele. Sabia que, se encarasse, perderia qualquer defesa que tentava sustentar.
— Não faz isso — ele pediu, aproximando-se devagar, como quem se aproxima de algo delicado e perigoso ao mesmo tempo.
— Eu não posso… Kael, eu não posso lidar com você assim — ela respirou fundo. — Você aparece, vira minha vida do avesso e age como se isso fosse inevitável.
Kael ficou parado, a poucos passos dela. Os olhos dele tinham aquele brilho que a perseguia há noites — intenso, firme, como se ele visse dentro dela mais do que ela queria mostrar.