Quando o passado encontra uma chance de futuro
NOÊMIA PAIXÃO
O quarto ainda cheirava a banho quente e a corpo. O lençol grudava na pele como uma segunda pele, misturando suor, perfume e sal. Eu tentava controlar a respiração, mas a cada vez que olhava para Amaro, nu à minha frente, o peito subia mais rápido.
Ele me encarava como se ainda quisesse me decifrar. O cabelo grisalho caía rebelde na testa, os ombros largos ainda úmidos, e aquela postura — não a de um paciente, mas de um homem inteiro, dono do próprio corpo. Só os olhos denunciavam uma coisa nova: vulnerabilidade.
— Boneca… — ele quebrou o silêncio, a voz grave e baixa. — Me fala. Como assim você estava cinco anos sem sexo? E por quê?
Sentei-me na cama de frente para ele. Amaro fez o mesmo, os dois nus, os joelhos quase se tocando. Passei as mãos pelos cabelos para encontrar fôlego antes de falar.
— Eu me casei com 29 anos. — comecei. — Eu era apaixonada por ele… sabe aquela paixão cega, onde só existe ele? Todo mundo me avis