Quando o silêncio grita mais alto que a guerra.
ANDRÉ MARTINS
O bunker parecia engolir o som.
As paredes de aço eram frias, o ar-condicionado sussurrava baixo, e cada passo ecoava como se o chão reclamasse da presença humana. Eu caminhava pelo corredor principal, o fuzil pendendo no ombro, mas o peso que realmente sentia era outro — o de manter o controle.
O de manter distância dela.
Norman estava ali há apenas dois dias, e já parecia mais viva do que todo o concreto ao redor. Às vezes eu a ouvia rindo baixo na cozinha, falando com Ravi sobre livros, e o som rasgava o silêncio como uma lembrança de que ainda existia mundo fora dali.
Mas o mundo dela era o de Leonardo.
Encostei na parede e fechei os olhos.
Prometi ao Leo: proteger, não tocar. E cada minuto ao lado dela era uma batalha entre honra e desejo.
Ravi apareceu no corredor, o tablet nas mãos com o mapa de segurança.
— Tudo limpo — disse, sem levantar os olhos. — Satélites não captaram nenhuma movimentação suspeita em cinquent