Quando o corpo busca abrigo e a mente prepara o próximo combate
AMARO CASSANI
— Viu? O que você viu? — perguntei, deslizando os dedos pelos cabelos dela.
— Quando te vi nu pela primeira vez, pensei: por mais saudável que fosse, um homem de sessenta e cinco não teria esse corpo. Você ainda tem juventude.
Beijei-a forte, abraçando-a. — Obrigado, amor. Obrigado por me ver, por mostrar que ainda sou homem capaz de viver esse amor.
Ela respirou fundo. — Só te peço isso: não me decepcione.
— Eu juro que vou tentar. E se falhar, não me deixe sem me ouvir.
— Está bem. Faça seu pedido.
— Viu que mesmo podendo morrer naquela mesa, eu não menti pro Vittorio?
— Vi sim.
— E viu que ele também não mentiu sobre a podridão dele?
— Vi.
— Então, boneca, nós podemos nos odiar, podemos nos destruir… mas vamos falar a verdade. Sempre. Se eu errar, vou assumir. Entende o peso disso?
Os olhos dela marejaram. Ainda estava em meu colo, ainda dentro de mim, nosso gozo escorrendo pela minha perna.
— Por que est