Quando o lar não é um lugar, mas uma pessoa.
O jato cruzava o céu noturno como uma lâmina de prata cortando o escuro.
Leonardo Cassani estava sentado na cabine silenciosa, a luz suave refletindo no rosto tenso. O terno estava amassado, a gravata solta, e os olhos — cansados, profundos — não piscavam há horas.
O piloto falou algo pelo rádio, mas Leo não respondeu. Continuou olhando a tela do tablet no colo.
Os mapas, os relatórios, os registros da operação — tudo finalmente encerrado.
Vittório morto. A SABINO destruída.
Mas, dentro dele, nada soava como vitória.
“Tudo acabou, pai…” — ele pensava, lembrando do som da voz de Amaro algumas horas antes.
Acabou, mas a guerra sempre deixa ruído.
E o ruído agora vinha do coração.
Fechou os olhos por um instante, sentindo o ronco grave das turbinas vibrar sob os pés.
Da França à Inglaterra seriam pouco mais de uma hora e meia.
Tempo suficiente para pensar. Ou se torturar.
Pensou em Norman.
No rosto dela, na forma como o chamava de “Leo” em voz