Quando o tabuleiro vira campo de caça
Vittório Bianchi desligou o telefone com a calma de quem arruma um terno antigo antes do corte final. A voz que ouviu do outro lado — Matteo, chefe de Roma — tentou manter o protocolo, mas o ruído ao fundo, as ordens que tremiam, denunciavam o pânico. Ele não tolerava tremores. Não naquela manhã.
Sentou-se novamente diante da parede de vidro. O sol batia no Mediterrâneo como um aço azul; lá longe, uma mancha de fumaça lembrava-lhe que a guerra tomara corpo. Respirou devagar, contando as pulsações no pulso. A raiva era um planejamento frio, e ele precisava executar com método.
Vittório fechou os olhos, respirou fundo e soltou o ar devagar. Ele que fazia questão de repetir em sequência: Matteo (Roma), Enzo (Nápoles), Carlo (Paris), Klaus (Berlim), Ricardo (Valência). Chamou cada um pelo nome — porque nome era poder — e ordenou presença. “Em doze horas. Pessoalmente. Nada de telas.” As respostas urgentes chegaram curtas, afiadas como lâminas. A SABI