Quando a verdade precisa de disfarce.
LEONARDO CASSANI
Eu pedi que a recepção a conduzisse até a minha sala sem aviso.
Não por gentileza — por estudo. Queria ver a expressão dela quando entrasse.
E quando Isabella Conti Ferraz cruzou a porta, foi exatamente o que imaginei: um desfile de perfume, salto e veneno.
Ela sempre soube entrar nos lugares como quem acha que o mundo lhe deve algo.
Parou diante da mesa, o queixo erguido, as unhas afiadas demais para uma conversa cordial.
O mesmo ar de superioridade que ela exibia quando Lorenzo ainda respirava.
— Leonardo Cassani. — disse, com aquele sorriso controlado. — Faz tempo.
— Dois meses. — respondi, sem me levantar. — Sente-se, Isabella.
Ela hesitou, mas sentou.
O olhar varreu a sala como se quisesse medir o território.
— Fiquei surpresa com a convocação. — começou. — Meu pai não costuma me incluir nos planos dele.
Claro que não, pensei. Nem como filha ele te reconhece.
Mas o rosto não demonstrou nada.
— Ele e eu conversamos. — menti c