Quando o desejo acorda antes do sol
Leonardo Cassani
A manhã nasceu sem pedir licença. A claridade atravessava as cortinas pesadas da suíte presidencial em Mônaco, riscava o carpete luxuoso e subia pelas paredes como dedos curiosos. Eu, porém, já estava desperto. O sono não costuma me segurar quando a adrenalina da noite anterior ainda pulsa nas veias.
Abri os olhos devagar, e ali estava ela.
Norman.
Deitada ao meu lado, nua, com a pele ainda marcada pelo que fizemos algumas horas atrás. O cabelo negro espalhado pelo travesseiro como tinta derramada, os lábios entreabertos, respiração tranquila. Uma obra-prima adormecida.
E toda minha.
O peito subiu pesado, como se o simples ato de olhar para ela me consumisse mais do que qualquer reunião de negócios. Eu deveria estar pensando no contrato da noite, nos acionistas, nos relatórios que aguardavam sobre minha mesa. Mas não. Meu corpo só conseguia pensar em voltar a reivindicar o que já tinha marcado como meu.
Inclinei-me devagar, apoiando