Quando o medo muda de dono
Leonardo Cassani atravessava o átrio envidraçado da Cassani’s Security com passos firmes, o casaco escuro ainda úmido da garoa que caía em Paris. A recepcionista, Diana, se ergueu com um movimento nervoso, como se o simples ato de segurar um envelope lhe pesasse nos dedos.
— Senhor Leonardo… chegou outra correspondência para o senhor.
Leonardo franziu o cenho. O selo vermelho já denunciava o remetente antes mesmo de ele tocar no papel. O brasão em alto-relevo, serpentes enroladas em torno de uma adaga, era a assinatura do homem que ele odiava desde que aprendera a usar uma arma. Vittório Bianchi.
Pegou o envelope, sentiu o lacre já rompido, e não se ofendeu — sabia que André tinha feito o mesmo reflexo que ele faria: a necessidade de ver o que o inimigo tramava. Abriu a carta e leu devagar, cada palavra escrita com a tinta preta como se fosse cuspida em veneno:
Leonardo,
O jogo continua. Você achou que mandando trinta e seis vozes ao silêncio ia acalmar a n