Quando o silêncio anuncia a guerra
NORMAN PAIXÃO CASSANI
O cheiro de café fresco me acordou antes da luz atravessar a janela.
Por um instante, demorei a lembrar onde estava — o quarto era amplo, aconchegante, e o som da natureza invadia tudo.
A lareira já apagada ainda guardava o perfume da noite anterior. Respirei fundo.
Paz.
Era isso o que sentia. Paz de verdade.
Desci as escadas devagar e ouvi vozes vindas da cozinha.
Laura e Navarro estavam ali, os dois de avental, rindo como se o mundo lá fora não existisse.
Ele cortava frutas com uma precisão quase militar, e ela mexia uma panela de ferro, cantando baixo.
Era a imagem de um lar — simples, real, o tipo de amor que não precisa se explicar.
— Bom dia, querida! — Laura me viu primeiro e abriu os braços. — Dormiu bem?
— Melhor impossível — respondi, sorrindo, e ela me puxou para perto.
Navarro me cumprimentou com um beijo leve na testa, o gesto de um pai.
— Café recém-passado, pães quentinhos, e uma vista de fazer qualquer um desi