Precisei de alguns minutos no banheiro. Não para chorar isso, definitivamente, não.
Mas para respirar.
Retocar a maquiagem diante do espelho foi só um pretexto. O corretivo leve sob os olhos, o batom vermelho reaplicado com precisão, os dedos molhados com água fria repousando por alguns segundos sobre a nuca. Um ritual silencioso para me lembrar de quem eu era.
De onde eu estava. E de tudo o que não podia me permitir sentir.
Mas as palavras dele ainda estavam ali.
“Eu te amo. Volta pra mim.”
Como se fosse simples assim. Como se não fôssemos quem somos. Como se o amor, por si só, bastasse. Esse amor já me feriu demais antes.
Olhei para o reflexo por mais tempo do que gostaria. A mulher diante de mim usava um vestido azul impecável, um decote preciso, diamantes sutis nos lóbulos das orelhas, a postura ereta de quem reina. A máscara descansava ao lado da pia de mármore negro. Mas era nos olhos que estava o verdadeiro esforço.
Não havia lágrimas.
Mas havia guerra.
Não só entre n