MIGUEL
O silêncio que se seguiu à partida furiosa de Natália era pesado, quebrado apenas pelos soluços histéricos de Lua. Eu e Anahí estávamos paralisados, encarando as duas figuras mais importantes da nossa vida, que estavam agora em completo estado de choque.
Minha mãe e meu pai estavam lado a lado, pálidos e imóveis. A esperança cruel que Anahí havia liberado no ar era mais destrutiva do que o luto que eles haviam carregado.
— O que vocês fizeram? — Meu pai finalmente perguntou, a voz baixa, mas cheia de uma autoridade fria. — O que foi essa aberração? Vocês disseram que a Merlya... que o funeral...
Minha mãe se ajoelhou, o olhar fixo em mim.
— Miguel, meu filho, pelo amor de Deus. Diga que é mentira. Diga que sua irmã está morta e que essa mulher é uma louca. Porque se for verdade...
— É a verdade, mãe — eu disse, e a confissão me fez sentir a dor mais profunda. — A Merlya... ela está viva.
Lua soltou um grito cortante e tentou se levantar do chão, caindo de volta, chorando em des