A noite estava calma. O rancho inteiro dormia, menos eu.
Artur respirava tranquilo no berço, a boquinha entreaberta, a pele tão serena que parecia feita de luz. Eu o observava em silêncio, com o coração inquieto, incapaz de dormir. Talvez fosse o cansaço, talvez fosse o vazio que a voz de Antônio... Ele parecia distante, mesmo quando estava perto, logo ali no quarto no mesmo corredor.
Levantei devagar, tentando não fazer barulho. O piso frio sob os pés, o cheiro de madeira, o som do vento batendo nas janelas — tudo me trazia lembranças. Eu precisava me acalmar. Entrei no banheiro, deixei a água cair sobre mim como se pudesse lavar o turbilhão que me habitava.
Quando saí, o ar do quarto estava diferente.
Antônio estava ali.
De costas, inclinado sobre o berço, o corpo parcialmente iluminado pela luz amarelada do abajur. A camisa aberta no peito, o olhar fixo em Artur — e por um instante, eu só consegui admirar a cena. O pai e o filho. Meu coração acelerou.
— Não consegui dor