A tarde caiu calma sobre o rancho, o sol descendo devagar atrás das montanhas. Aurora terminava de guardar algumas roupas do bebê quando ouviu o som de um carro se aproximando. Não esperava visitas — e, de alguma forma, o barulho pareceu diferente, fora de lugar.
Eu estava do lado de fora, e quando o motor parou, me aproximei. Uma mulher desceu do carro. Alta, elegante, com um vestido leve que contrastava com a poeira da estrada. Aurora não precisou de muito tempo para entender quem era.
Helen.
Por um instante, tudo pareceu silenciar. Fiquei imóvel, surpreso, até que ela sorriu — aquele sorriso confiante e ensaiado.
— Antônio Marco... — disse, a voz suave, quase teatral. — Achei que seria bom te ver.
Aurora observava de longe, sem entender. A cena parecia absurda demais para ser real. Helen se aproximou mais, sem se importar com o meu constrangimento evidente.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, tentando conter a irritação.
— Seu pai está preocupado. Pediu que eu viesse...