Ximena Valverde
Desde o momento em que Alejandro me disse, com aquele tom grave, que precisava conversar comigo, meu coração não encontrou mais sossego. Havia algo em sua voz — uma urgência abafada, uma tensão que se espalhava como sombra em dia nublado. Por isso, levei-o até o meu antigo quarto, na casa dos meus pais, um lugar onde o tempo parecia ter parado, onde eu podia sentir a mim mesma antes de tudo desandar.
Assim que entramos em meu antigo quarto, na casa de meus pais, notei o quanto ele estava angustiado. Seus ombros, normalmente firmes, estavam curvados como se carregassem o peso do mundo. Os olhos azuis, que tantas vezes me fizeram sorrir, estavam tomados por uma aflição silenciosa. Ele passou a mão pelos cabelos curtos, um gesto automático que só fazia denunciar ainda mais o nervosismo.
Eu queria tanto poder confortá-lo. Pensava que, talvez, contando o que guardei desde aquele terrível dia, pudesse aliviá-lo. Os sequestradores me trataram bem... ao menos depois que sou