Alejandro Albeniz
Pavel foi até o consulado, acompanhado pelos dois policiais designados para a missão de resgatar Ximena. Infelizmente, não pudemos ir com eles. Restou-nos esperar no saguão do aeroporto — ao menos a área VIP nos oferecia algum conforto. A ansiedade me corroía por dentro, como ácido. Em outro momento, eu teria devorado todo o buffet da sala VIP, experimentado cada quitute, talvez até comentado sobre as opções gastronômicas com Jacques. Mas agora, nada me apetecia além de um café amargo, quase tão amargo quanto meu estado de espírito.
Eu não sentia fome. Nem sede. Nem nada que me conectasse ao meu próprio corpo.
Jacques, ao contrário, comia como se fosse a última refeição da vida. Provavelmente, quando lhe pedi que providenciasse o voo, não dei tempo para ele sequer se alimentar. Estava visivelmente faminto e também exausto, mas tentava manter a pose, como sempre. Enquanto observava-o mastigar com vigor, me peguei admirando sua capacidade de se manter funcional mesmo