Alejandro Albeniz
Ximena estava nua, deitada de lado, com uma das pernas jogada sobre mim. Imaginei que, depois do sexo, ela adormeceria — mas não. Estava acesa, elétrica. Talvez aquilo já fosse um sinal do trauma que carregava, apesar de repetir que foi bem tratada. No fundo, eu sabia: ninguém permanecia sereno num cativeiro sem sair ferido de alguma forma. Ela devia ter se mantido sempre alerta, sempre em tensão.
Enquanto ela falava empolgada sobre planos para o futuro, eu a ouvia em silêncio, tentando reunir coragem para dizer a verdade. As coisas não seriam como ela imaginava. Não desta vez. Eu não cometeria o mesmo erro de antes — não tentaria ignorar a minha própria vida. E Mercês… Mercês teria que provar do próprio veneno.
Não sabia se contava tudo ou se inventava uma mentira que convencesse Ximena a ir embora de Granada. Talvez assim, eu conseguisse protegê-la. A ela... e ao nosso filho. Mas lembrei de quando omiti um único fato e, mesmo assim, ela quase me deixou. Ximena m