Capítulo 81 p2

Alejandro Albeniz

Fazia dois dias que eu estava naquele quarto de porão. Dois dias sem ver a luz do sol, sem saber as horas, sem qualquer noção do tempo — apenas eu, acorrentado, tentando entender como e por que Mercês havia se tornado tão obcecada por mim.

O quarto era um verdadeiro altar doentio à minha história. Havia fotos de todas as fases da minha vida: infância, adolescência, juventude adulta. Roupas minhas penduradas — com destaque perturbador para peças íntimas — e, ao centro, um grande tabuleiro de dardos com imagens de todas as mulheres que fizeram parte da minha vida. Cada foto tinha um dardo cravado no olho. Mas a de Ximena... a de Ximena era a mais mutilada. Dardos cobriam todo o seu corpo, como se ela fosse o principal alvo da loucura de Mercês.

Meus braços estavam algemados acima da cabeça. As pernas, presas com correntes a argolas no chão. A posição era torturante, mas nada doía mais do que a presença constante dela. Mercês surgia a todo instante, me tocava, murmurava
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