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CAPÍTULO 2 - REFLEXOS E REVELAÇÕES

Alexander Stone caminhou pelas ruas movimentadas de Manhattan Heights com passos firmes, mas sua mente estava longe dos compromissos que o aguardavam naquela manhã. A camisa branca, agora manchada de café, grudava levemente em seu peito, lembrando-o constantemente do encontro mais inusitado que havia tido em anos.

Aos trinta e dois anos, Alex estava acostumado a ter controle sobre praticamente todos os aspectos de sua vida. Como CEO da CyberShield Corp, ele comandava uma empresa bilionária com a precisão de um maestro regendo uma sinfonia. Cada movimento era calculado, cada decisão pesada cuidadosamente, cada interação social seguia um protocolo não escrito que ele havia aperfeiçoado ao longo dos anos.

Mas nada - absolutamente nada - havia preparado Alexander Stone para essa manhã.

Enquanto caminhava em direção à CyberShield Tower, que se erguia majestosa contra o céu azul da manhã, Alex não conseguia tirar da mente a imagem daquela mulher. Os olhos castanhos intensos, cheios de mortificação e algo mais que ele não conseguia definir. O jeito como ela havia falado sem parar, numa mistura adorável de nervosismo e determinação em consertar o que considerava um desastre. Nina Santos… lembrou do seu nome em seu crachá.

— Interessante.

Murmurou para si mesmo, ajustando o punho da camisa - um hábito que sempre o acometia quando algo o intrigava.

A verdade era que Alex havia ficado genuinamente divertido com a situação. Em um mundo onde as pessoas geralmente se curvavam diante dele, medindo cada palavra e cada gesto, encontrar alguém tão... autêntica era refrescante. A garota do café não fazia ideia de quem ele era, e isso, por si só, já era algo raro em sua vida.

Ele parou em frente ao prédio da CyberShield, uma torre de quarenta e cinco andares que dominava o horizonte do distrito financeiro. As paredes de vidro inteligente refletiam a luz matinal, criando um espetáculo visual que nunca deixava de impressionar quem passava pela região. Alex havia projetado cada detalhe daquele edifício, desde a fachada tecnológica até a academia no subsolo, pensando em criar não apenas um local de trabalho, mas um símbolo do que sua empresa representava: inovação, excelência e visão de futuro.

— Bom dia, Sr. Stone.

Cumprimentou o porteiro, um homem de meia-idade que trabalhava ali desde a inauguração do prédio.

— Bom dia, Robert. Como está a família?

— Muito bem, senhor. Minha filha passou no vestibular para Engenharia, como o senhor sugeriu.

Alex sorriu genuinamente. Ele fazia questão de conhecer todos os funcionários do prédio e suas histórias pessoais. Era uma característica que havia herdado do avô Giuseppe, que sempre dizia que uma empresa era feita de pessoas, não de números.

— Excelente notícia. Se ela precisar de alguma orientação sobre estágio, pode me procurar.

— Muito obrigado, Sr. Stone. O senhor é muito generoso.

Alex acenou e se dirigiu ao elevador privativo que o levaria diretamente ao quadragésimo quinto andar. Durante a subida silenciosa, ele aproveitou para verificar a agenda no celular. Reunião com a diretoria às dez horas, apresentação do novo sistema de segurança às onze, almoço com investidores japoneses ao meio-dia, e à tarde, a primeira reunião com os candidatos selecionados para o programa trainee.

O programa trainee. Alex sorriu ao pensar no projeto que havia idealizado pessoalmente. A ideia havia surgido durante uma conversa com Marcus sobre a dificuldade que muitos profissionais talentosos enfrentavam para conseguir a primeira oportunidade na área de tecnologia. Empresas queriam experiência, mas como ganhar experiência sem a primeira chance?

Alex havia decidido criar um programa diferente, voltado especificamente para profissionais formados há mais de dois anos que ainda não haviam conseguido trabalhar em suas áreas. Seria uma oportunidade de mostrar que talento e determinação eram mais importantes que um currículo repleto de experiências.

O elevador parou suavemente no último andar, e as portas se abriram revelando o ambiente sofisticado da recepção executiva. Sarah Mitchell, sua secretária há oito anos, estava como sempre em sua mesa, impecavelmente vestida e com uma eficiência que fazia Alex se perguntar como havia funcionado a empresa antes dela chegar.

— Bom dia, Sr. Stone. Sua primeira reunião foi adiada em quinze minutos, e o Sr. Rivera já está esperando em sua sala.

Sarah disse, sem levantar os olhos dos documentos que organizava, mas Alex notou que ela havia dado uma olhada discreta em sua camisa manchada.

— Obrigado, Sarah. E sim, eu sei que estou com a camisa suja. Pequeno acidente com café.

— Posso providenciar uma camisa limpa, senhor. Tenho algumas reservas em seu closet.

— Não será necessário por enquanto. Mas obrigado.

Alex caminhou pelo corredor elegante até sua sala, onde encontrou Marcus Rivera, seu melhor amigo e vice-presidente, sentado em uma das poltronas de couro italiano, folheando alguns relatórios.

Marcus levantou os olhos quando Alex entrou, e um sorriso divertido se espalhou por seu rosto moreno.

— Deixe-me adivinhar. Você decidiu experimentar um novo estilo de moda corporativa? Camisa manchada é a nova tendência?

Alex revirou os olhos e se dirigiu ao closet particular que ficava em um canto de sua sala.

— Muito engraçado, Marcus. Foi um pequeno acidente no café.

— Acidente? O grande Alexander Stone, mestre do controle e da precisão, teve um acidente com café?

Marcus se levantou e se aproximou, claramente intrigado.

— Eu não derramei o café em mim mesmo, se é isso que está pensando.

Alex disse, tirando a camisa manchada e pegando uma limpa.

— Ah, então alguém derramou café em você? Isso fica ainda mais interessante. Conte-me tudo.

Alex hesitou por um momento. Marcus era seu melhor amigo desde a faculdade, a única pessoa que realmente o conhecia além da fachada de CEO bem-sucedido. Se havia alguém com quem ele podia ser completamente honesto, era Marcus.

— Foi no "Café & Companhia", aquele lugar pequeno perto daqui. Uma das funcionárias tropeçou e derramou café na minha camisa.

— E você não ficou irritado? Não exigiu falar com o gerente? Não ameaçou processar o estabelecimento?

Marcus perguntou, fingindo surpresa exagerada.

— Claro que não. Foi um acidente.

Alex terminou de abotoar a camisa limpa e se virou para o amigo.

— Mas tem algo mais, não é? Conheço você há quinze anos, Alex. Você tem aquela expressão.

— Que expressão?

— A expressão de quem está pensando em algo... ou alguém.

Alex se dirigiu à sua mesa e fingiu se concentrar nos documentos que Sarah havia deixado organizados, mas sabia que Marcus não desistiria facilmente.

— Ela era... diferente.

— Diferente como?

— Autêntica. Não fazia ideia de quem eu era, não estava tentando me impressionar ou conseguir algo de mim. Estava genuinamente mortificada por ter derramado café na minha camisa e queria consertar a situação.

Marcus se sentou na cadeira em frente à mesa de Alex, com uma expressão que misturava diversão e curiosidade.

— E como ela era? Fisicamente, digo.

Alex levantou os olhos dos documentos e encarou o amigo.

— Por que isso importa?

— Porque você está corado, meu amigo. Algo que eu não vejo acontecer desde... bem, desde nunca.

Alex suspirou e se recostou na cadeira. Era inútil tentar esconder algo de Marcus.

— Ela era bonita. Muito bonita. Cabelos castanhos escuros, ondulados, olhos castanhos intensos. Alta, mais ou menos um metro e setenta e cinco. E tinha um jeito... espontâneo. Falava sem parar quando ficou nervosa.

— Interessante. E você pretende vê-la novamente?

— Não sei nem o nome dela, Marcus. E mesmo que soubesse, não seria apropriado. Sou cliente do estabelecimento onde ela trabalha.

— Desde quando você se preocupa com o que é apropriado quando se trata de mulheres?

Marcus perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Desde sempre. Você sabe que eu não misturo vida pessoal com profissional.

— Alex, você não tem vida pessoal. Você tem trabalho, academia, e mais trabalho. Quando foi a última vez que você saiu com alguém que não fosse por obrigação social?

Alex abriu a boca para responder, mas percebeu que não conseguia lembrar. Nos últimos anos, seus encontros românticos haviam se limitado a jantares de negócios com filhas de parceiros comerciais ou eventos sociais onde a presença de uma acompanhante era esperada. Nada que pudesse ser considerado um encontro real.

— Exatamente o que eu pensei.

Marcus disse, interpretando o silêncio do amigo.

— Olha, não estou dizendo para você sair correndo atrás da garota do café. Mas talvez seja hora de considerar que existe vida além da CyberShield Corp.

Antes que Alex pudesse responder, Sarah bateu na porta e entrou.

— Sr. Stone, a reunião da diretoria vai começar em cinco minutos. E chegaram os currículos dos candidatos selecionados para o programa trainee. O senhor gostaria de revisá-los antes da reunião desta tarde?

— Sim, deixe na minha mesa. Vou analisá-los durante o almoço.

Sarah assentiu e saiu, deixando uma pasta com documentos sobre a mesa.

— Programa trainee?

Marcus perguntou.

— O projeto que discutimos no mês passado. Oportunidade para profissionais formados que não conseguiram trabalhar em suas áreas. Selecionamos quatro candidatos para começar na próxima semana.

— Boa ideia. Seu avô ficaria orgulhoso.

Alex sorriu. Giuseppe Martinez havia sido a pessoa mais importante em sua vida, o homem que lhe ensinou que sucesso sem propósito era vazio. O avô sempre dizia que a verdadeira medida de um homem não era o que ele acumulava, mas o que ele dava de volta ao mundo.

— Espero que sim.

A manhã passou rapidamente entre reuniões e apresentações. Alex se concentrou no trabalho com sua eficiência habitual, mas de vez em quando se pegava pensando na garota do café. Era ridículo, ele sabia. Havia conhecido a moça por menos de cinco minutos, e mesmo assim ela havia conseguido ocupar um espaço em seus pensamentos que geralmente era reservado apenas para questões da empresa.

Durante o almoço com os investidores japoneses, Alex se esforçou para manter o foco na conversa sobre expansão internacional, mas sua mente vagava. Ele se perguntava se a garota havia voltado ao trabalho normalmente, se ainda estava mortificada pelo incidente, se pensava nele tanto quanto ele estava pensando nela.

"Pare com isso, Alexander," disse para si mesmo. "Você tem responsabilidades mais importantes."

Mas quando chegou a hora da reunião com os candidatos do programa trainee, Alex se viu ansioso de uma forma que não conseguia explicar. Talvez fosse a expectativa de conhecer os profissionais que teriam a oportunidade de recomeçar ou começar suas carreiras. Ou talvez fosse algo mais.

Sarah entrou em sua sala às duas horas em ponto.

— Sr. Stone, os candidatos do programa trainee chegaram. Estão na sala de reuniões do quadragésimo quarto andar.

— Perfeito. Vou descer em alguns minutos.

Alex pegou a pasta com os currículos que havia revisado durante o almoço. Quatro candidatos promissores: David Chen, especialista em marketing digital; Priya Patel, analista de dados; James Thompson, desenvolvedor de software; e Nina Santos, engenheira da computação.

Alex parou. Nina Santos. Não podia ser coincidência. Ele abriu rapidamente o currículo da candidata e leu as informações básicas. Vinte e seis anos, formada em Engenharia da Computação há quatro anos, atualmente trabalhando como atendente em um café...

— Interessante.

Murmurou, ajustando o punho da camisa.

Pela primeira vez em muito tempo, Alexander Stone estava genuinamente ansioso para uma reunião de trabalho. E pela primeira vez em sua vida, não tinha certeza se conseguiria manter sua compostura profissional diante de uma funcionária.

O destino, aparentemente, tinha senso de humor. E Alex estava prestes a descobrir que alguns encontros são inevitáveis, não importa o quanto tentemos controlá-los.

Ele se levantou, ajeitou o terno, e se dirigiu à porta. A tarde prometia ser muito mais interessante do que ele havia imaginado.

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