O aeroporto estava cheio demais para aquele momento que Júlia precisava que fosse só dela. Pessoas passando apressadas, vozes se misturando, malas rodando. Ainda assim, quando avistou os pais atravessando a porta de desembarque, o mundo pareceu desacelerar.
A mãe foi a primeira a vê-la.
— Júlia… — o nome saiu como um choro contido, quebrado pela pressa.
Não houve tempo para palavras. O abraço veio forte, urgente, apertado demais para ser educado. Um abraço que dizia você está aqui, você voltou, eu te encontrei. O pai chegou logo depois, envolvendo as duas com braços firmes, a mão grande pousando na cabeça da filha como fazia quando ela era pequena.
— Minha menina — ele disse, a voz rouca. — Graças a Deus.
Júlia fechou os olhos por um instante, respirando o cheiro deles, o peso daquele amor antigo e constante. Ali, no centro daquele abraço, algo dentro dela se alinhou.
— Eu senti tanto a falta de vocês — ela confessou, com a voz embargada.
A mãe se afastou só o suficiente para examiná-