A casa acordou diferente naquela manhã. Havia vozes na cozinha, passos leves, o som de xícaras sendo colocadas sobre a mesa. Júlia demorou alguns segundos para entender aquela sensação nova — a de pertencimento pleno. Não era apenas estar em um lugar. Era habitar.
Ela saiu do quarto e encontrou a mãe mexendo no fogão, o pai lendo algo no celular, e Daniel encostado no balcão, observando tudo com um sorriso discreto, quase incrédulo.
— Bom dia — Júlia disse.
A mãe virou-se imediatamente, abrindo os braços.
— Dormiu bem?
— Pela primeira vez em muito tempo — Júlia respondeu, deixando-se abraçar.
Daniel se aproximou e depositou um beijo calmo na têmpora dela. Um gesto simples, mas carregado de intimidade suficiente para dizer a todos ali: é aqui que eu fico.
Durante o café, as conversas fluíram com naturalidade. Assuntos leves se misturavam a planos práticos: consultas, documentos, passos legais contra Helena. Nada parecia pesado demais, porque tudo estava sendo dividido.
— Eu queria dize