O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz suave que entrava pela janela. Júlia parecia mais forte naquela manhã. O rosto ainda tinha marcas do acidente, mas havia uma determinação nova em seus olhos — um brilho firme, cheio de certeza.
Daniel percebeu isso assim que entrou.
E seu coração alertou que algo importante estava prestes a acontecer.
— Você dormiu bem? — ele perguntou, tentando manter a leveza na voz.
— Dormi — ela respondeu, mas o tom denunciava que sua cabeça estava em outro lugar. — Daniel, eu preciso falar com você.
Ele se aproximou devagar, sentando-se ao lado da cama.
— Pode falar.
Ela respirou fundo, nervosa e ao mesmo tempo surpreendentemente segura.
— Eu… pensei muito — começou. — Sobre nós dois. Sobre o que eu sinto quando estou com você. Sobre como você me olha. Sobre como você me segura… como se tivesse medo de me perder.
Daniel desviou o olhar.
Ela acertou em cheio.
— Júlia… eu—
— Deixa eu terminar — ela pediu, colocando a mão sobre a dele.
Ele parou.