A casa está quieta. É estranho, porque o silêncio sempre me pareceu vazio, mas hoje não, hoje ele carrega alguma coisa.
Rigel já está dormindo. Ainda posso sentir o cheiro do shampoo dele no corredor, o som dos passinhos desajeitados dele fugindo do banho, rindo como se o mundo fosse feito só de alegria.
Volto pra cozinha, mexo em coisas que nem precisam de ordem: pano de prato, uma caneca vazia, um pacote de bolacha fora do lugar. Só pra manter as mãos ocupadas. Só pra não pensar demais.
Mas então ouço os passos vindo da sala. E sei quem é.
Ele para no batente da porta. Só de sentir a presença dele, meu corpo reage — não com medo, mas com uma consc