A moldura branca com a foto que a gente sempre deixava ali sumiu. Meu coração aperta no peito. Me ajoelho ao lado dele, tentando manter o tom leve.
— Deve ter caído, ou a tia Ayla tirou pra limpar a mesa, filho. A gente já procura, tá bem?
Mas ele não parece convencido. Seus olhinhos castanhos me examinam com aquela sensibilidade que só criança tem — como se ele sentisse que há mais ali do que eu estou dizendo.
— Tá brava comigo, mamãe?
— O quê? Claro que não, amor! — passo a mão nos cabelos dele, puxando-o para um abraço apertado. — A mamãe nunca ficaria brava com você por causa de uma foto.
— É que a você está igual eu fiquei no dia em que a vovó se machucou, mamãe
Congelo por um instante. Engulo em seco. O Rigel sempre foi mais esperto do que eu gostaria. E sensível.
— A mamãe só teve um dia cansativo, tá bom? Mas agora eu tô aqui com você, e isso já tá melhorando tudo.
Ele sorri pequeno e volta a pegar um dos dinossauros. Faz um rugido meio engraçado, como se quisesse mudar de a