Chego ao refeitório ainda meio trêmula. O cheiro do café, o som das bandejas, as conversas paralelas… tudo parece distante. Meus passos são automáticos. Só quero respirar. Só quero tentar organizar a avalanche dentro de mim.
É quando vejo Ayla, sentada na mesa de sempre, mexendo no celular. Ela me encara por cima da xícara de café e arregala os olhos assim que me vê.
— Meu Deus, Jade… que cara é essa? — pergunta, largando o celular.
Me sento rápido, os dedos ainda tremendo levemente sobre a mesa.
— Eu vi ele, Ayla… — minha voz falha. — Eu vi o Samuel.
Os olhos dela se arregalam, mas diferente de mim, ela parece… menos surpresa do que deveria.
— Eu sei.
Meu estômago revira.
— Como assim você sabe? — sussurro quase gritando, sentindo o nó apertar na garganta.
Ayla respira fundo, como quem se prepara pra jogar a bomba, mas faz suspense:
— Eu vi ele na recepção. Ele tava conversando com…
Ela faz uma pausa longa. Meu peito já começa a acelerar.
— Com quem, Ayla?! — pergunto, quase implora