O celular vibra sobre a mesinha de cabeceira. Estou deitada de lado, com uma mão sobre o ventre e os olhos perdidos no teto. Não dormi direito desde que voltei do hospital.
Pego o celular, o coração já disparando só de ver o nome do advogado na tela. Atendo no segundo toque.
— Alô?
— Jade? Boa noite. É o Dr. Henrique.
— Oi… o senhor falou com ele? — minha voz sai baixa, quase um sussurro.
Há uma pausa curta do outro lado da linha. Ele respira fundo, como se estivesse prestes a soltar uma bomba.
— Sim. Estive com o Samuel hoje.
Meu peito se aperta. A mão sobre minha barriga treme.
— E? O que ele disse?
Silêncio. A pausa dura segundos demais. Algo no meu estômago se contorce antes mesmo da resposta.
— Ele… pediu para eu te dar um recado. Disse que é pra você seguir com a sua vida, Jade. Que ele não quer saber da criança, que não quer qualquer vínculo. E que… se possível, você não deveria continuar com a gravidez.
Sinto como se o chão se abrisse sob mim.
— O quê? — minha voz falha, rac