Entro no escritório do meu pai com cautela. Ele está diante da janela, de costas para mim, observando o jardim com as mãos cruzadas atrás do corpo. A postura dele já me dá um mau pressentimento.
— Pai... — começo, minha voz baixa. — Posso te fazer uma pergunta?
Ele não responde de imediato. Apenas balança a cabeça levemente, permitindo.
— Você... falou algo para o advogado do Samuel? Algo sobre o bebê?
Ele se vira devagar. O olhar é gélido, firme, como se cada palavra fosse uma lâmina.
— Jade, por que você ainda está pensando nesse marginal? — pergunta, a voz carregada de desdém. — Ele sequestrou você. Ele usou você. E você ainda quer mantê-lo por perto?
Sinto meu coração bater mais forte. A indignação dele não é novidade, mas hoje está diferente. Está mais... controlado. E isso me assusta mais do que um grito.
— Ele tem o direito de saber, pai. Não importa o que aconteceu. Ele tem esse direito. E eu, como mãe, tenho o dever de contar.
— O seu dever é proteger essa criança do mundo