55 - Jade

Entro no escritório do meu pai com cautela. Ele está diante da janela, de costas para mim, observando o jardim com as mãos cruzadas atrás do corpo. A postura dele já me dá um mau pressentimento.

— Pai... — começo, minha voz baixa. — Posso te fazer uma pergunta?

Ele não responde de imediato. Apenas balança a cabeça levemente, permitindo.

— Você... falou algo para o advogado do Samuel? Algo sobre o bebê?

Ele se vira devagar. O olhar é gélido, firme, como se cada palavra fosse uma lâmina.

— Jade, por que você ainda está pensando nesse marginal? — pergunta, a voz carregada de desdém. — Ele sequestrou você. Ele usou você. E você ainda quer mantê-lo por perto?

Sinto meu coração bater mais forte. A indignação dele não é novidade, mas hoje está diferente. Está mais... controlado. E isso me assusta mais do que um grito.

— Ele tem o direito de saber, pai. Não importa o que aconteceu. Ele tem esse direito. E eu, como mãe, tenho o dever de contar.

— O seu dever é proteger essa criança do mundo
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