A manhã amanhece abafada. O céu parece pesado, do mesmo jeito que meu peito. Passo os dedos pelo vidro da janela do quarto, como se tentar ver além daquelas nuvens pudesse trazer alguma resposta.
Dona Helena ainda dorme, Murilo não mora mais aqui e meu pai foi para o batalhão. E eu, estou sozinha.
Sozinha com o peso da verdade que cresce dentro de mim.
Pego o celular novo, aquele que a Ayla me deu, e abro os contatos. Meus dedos tremem ao deslizar até o nome do advogado do Samuel “Dr. Henrique”. Respiro fundo. Seguro o choro.
E então aperto o botão verde.
— Alô? — a voz do advogado soa firme, pontual.
— Dr. Henrique... sou eu. Jade.
— Oi, Jade. Tudo bem? Como você está se sentindo?
— Melhorando. Devagar... — respiro. — Eu preciso te pedir uma coisa.
— Claro, diga.
— Eu preciso que o senhor conte uma coisa ao Samuel.
— Jade... tem certeza?
— Tenho. Mas quero que seja feito com cuidado. Quero que ele ouça de você, no momento certo. E depois... eu queria saber como ele reagiu.
— Certo. E