As palavras dele continuam ressoando no quarto, mesmo depois que ele se cala. Eu estou sentada na beirada da cama, mas a sensação é de estar caída num abismo. Um silêncio estranho se instala, espesso, denso. Meus olhos estão fixos nele, mas tudo dentro de mim está em movimento.
Eu ouço o que ele diz. Eu escuto. Mas meu coração ainda está tentando alcançar a gravidade daquilo tudo.
O pai dele, queimado vivo dentro de um pneu.
E ele, sozinho, vendo o vídeo. No próprio aniversário.
Meus olhos enchem d’água, mas não por pena. É outra coisa. Um nó na garganta que vem de perceber o quanto a dor molda as pessoas. O quanto o mundo pode q