— Próxima testemunha: Aline Ferreira da Costa. — A voz do juiz rompe o silêncio com a gravidade de um trovão abafado. O som do nome dela me atravessa como uma faca arrastada no peito.
Sinto meu corpo enrijecer no banco. O coração, que já batia acelerado, agora martela no meu peito como se quisesse escapar. Eu sabia que ela estaria ali. Me preparei durante noites para esse momento. Mas nada — absolutamente nada — me prepararia para vê-la cruzando aquela sala.
Ela anda devagar, cabeça baixa, passos contidos, como quem carrega não só o peso do passado, mas a culpa dele. Usa uma saia preta simples, camisa branca de mangas longas, os cabelos presos num coque apressado. Está mais magra. As olheiras fundas escurecem ainda mais o olhar que, mesmo sem me encarar, carrega o brilho de quem sabe que pode destruir tudo — com uma única palavra.
Aline para diante do juiz e levanta a mão direita. Sua voz, baixa mas decidida, preenche a sala quando faz o juramento de dizer apenas a verdade. Não procur