Me viro pela décima vez. O lençol está amarrotado sob meu corpo, o travesseiro quente, e o quarto, embora silencioso, parece respirar pesado comigo.
Olho o visor do celular ao lado da cama.
2h32.
Suspiro. O sono não vem. O medo ficou quieto, mas não foi embora. Está ali, encolhido em algum canto escuro da mente, me vigiando com olhos abertos.
Levanto devagar. As tábuas do assoalho rangem sob os pés descalços, mas tento fazer o mínimo de barulho. A casa parece dormir — e eu queria estar dormindo com ela.
Abro a porta do quarto com cuidado, o coração batendo mais rápido só pelo gesto.
Samuel não está no corredor.
Dou mais alguns passos e paro em frente à porta entreaberta do quarto do Rigel.
Olho para dentro.
A luz do abajur infantil ainda está acesa, fraquinha, lançando sombras macias nas paredes coloridas. E ali, no colchão no chão, vejo Samuel — deitado de lado, um braço protetor em volta do nosso filho, os dois respirando no mesmo ritmo.
Rigel está encolhido junto ao peito dele, uma