Samuel confere tranca por tranca antes de me deixar sozinha no quarto. Disse que ia ligar para o tenente agora mesmo. Falei que o chamaria se o telefone tocasse novamente. Mas não chamei.
Entro no banheiro, jogo água no rosto. Olho no espelho e nem me reconheço. Minhas mãos estão tremendo e eu nem percebi.
Volto para a sala. Me sento na beira do sofá e encaro o celular na mesinha de centro. Um segundo. Dois. Três. Como se eu estivesse esperando por ele.
O medo vira um bicho quieto, encolhido no estômago. Me deito. A cabeça afunda nas almofadas. Samuel está na garagem, conversando baixinho com alguém no telefone. Pelo tom da voz, deve estar contando o que aconteceu.
Fecho os olhos mas o toque do celular me faz sentar na cama com um pulo.
Número desconhecido.
Meus dedos congelam sobre a tela, o coração já dispara antes mesmo de eu respirar.
A chamada para.
Fico olhando o visor preto como quem encara um espelho em plena madrugada. A sensação de ser observada volta. Como se aquele capuz