THIAGO
Eu juro que tentei manter a calma, mas quando ouvi o primeiro grito da Mirela, quando a bolsa estourou no meio da madrugada e ela me olhou com os olhos arregalados de dor e coragem, algo dentro de mim estremeceu. Corremos pro hospital com o coração na garganta e o mundo girando ao nosso redor, como se o tempo tivesse decidido brincar com os nossos nervos.
Agora, aqui estou… parado, impotente, olhando o relógio da sala de parto como se pudesse acelerar os ponteiros com a força do pensamento. Cada minuto parece um século. Cada gemido vindo lá de dentro, cada grito abafado da minha mulher me dilacera. Ela é uma guerreira. A mulher mais forte que eu já vi. E mesmo assim, eu daria tudo pra estar ali sentindo cada dor por ela, trocando de lugar se fosse possível.
As enfermeiras entram e saem, sorriem, dizem que está tudo bem, que falta pouco. Eu sorrio de volta, mas por dentro sou só angústia. Nunca me senti tão… pequeno. Tão vulnerável.
E então, como um raio cortando o céu escuro…