THIAGO
Nunca pensei que fosse me ver assim: com olheiras fundas, camiseta manchada de leite e segurando um bebê de três quilos e meio que chora como se o mundo estivesse desabando. Mas aqui estou. E por incrível que pareça... eu nunca me senti tão vivo.
As noites têm sido longas. O silêncio da casa foi substituído pelos choros do Lucas, pelo som da bombinha de leite e pelos meus próprios suspiros de cansaço. Eu que sempre tive uma rotina regrada, controlada, horários milimetricamente planejados... agora me vejo contando as horas por mamadas e trocas de fralda.
E a Mirela...
A Mirela é um caso à parte.
Nunca vi tamanha força e doçura numa só mulher. Ela se transformou. Ou talvez tenha apenas florescido o que já estava nela, só esperando o momento certo. Ela acorda antes do Lucas chorar. Juro. Como se tivesse uma conexão invisível com ele, como se pressentisse que o filho vai precisar dela. E quando ele chora, ela sabe. Ela sabe exatamente se é fome, se é cólica, se é só manha de quere