Veneza – 01h32 da manhã
Suíte imperial do San Clemente Palace
— “Eu preciso de um banho… ou de um exorcismo,” — disse Clara, chutando os sapatos num canto como quem se livra de demônios em couro legítimo.
Ela cruzou o quarto vestida apenas com a camisa dele — e nem tentou fechar os botões.
Léo estava encostado na moldura da varanda, camisa semiaberta, olhar de bicho que esperou tempo demais na jaula.
— “Banho eu ofereço. Exorcismo… depende do demônio.”
— “O que me sequestrou já caiu. O problema é o que mora aqui…” — ela apontou pra própria cabeça. — “E esse só sai no grito.”
Ele se aproximou devagar.
— “Então deixa eu te fazer gritar por um motivo melhor.”
Ela ergueu uma sobrancelha.
— “Teus cantadas estão mais afiadas ou eu que fiquei mais fácil?”
— “Você nunca foi fácil. Só… minha.”
Clara bufou, riu, quase tropeçou no tapete de seda e girou nos pés.
— “Ai, Léo… Eu quase morri. E agora tô aqui, com um CEO de gravata solta me olhando como se eu fosse uma sobremesa cara no menu de um r