A tempestade ainda não havia começado.

Clara ainda não existia no radar.

E o nome de Léo ainda não tinha virado manchete.

Era uma manhã de céu opaco em Nova Iorque. O vento batia nas janelas da sede global da Vellamo & Co., mas o que tremia mesmo era o coração de quem ficava de pé diante daquele letreiro dourado, pregado na recepção da cobertura.

VELLAMO & CO.

Ali, parado e imóvel, estava Leonardo Vellamo.

— Ele deixou tudo pra você… — disse Simone, ao lado, com a voz baixa, quase cerimonial.

— Não foi tudo. Foi uma bomba com o pino meio solto — respondeu Léo, encarando as letras como quem encara um epitáfio. — Mas é minha agora. E ninguém vai explodir essa porra sem passar por cima de mim.

Gianfranco Vellamo nunca foi arquiteto.

Ele vendia o que os arquitetos desenhavam.

Corretor. Ambicioso. Impiedoso.

Começou vendendo terrenos baldios em zonas esquecidas do interior. Aprendeu rápido que só fechar negócio não bastava. Era preciso ver o jogo inteiro.

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