Os primeiros raios de sol atravessavam os prédios da cidade quando Clara ajustou os fones de ouvido e começou sua corrida. As ruas ainda estavam silenciosas, e o mundo parecia girar num ritmo mais lento — ideal para organizar a bagunça que havia dentro dela.
As passadas firmes marcavam o tempo da respiração, mas era sua mente que corria mais rápido. Dubai.
O convite para acompanhar Léo em uma viagem que deveria ser puramente profissional… mas que cheirava a tudo, menos isso. Luxo, calor, arquitetura… e ele. O deus grego com cicatrizes de guerra e olhos que mentiam mal.
Mas ela não era mais boba. Tinha aprendido a decifrá-lo.
No meio do ritmo constante da corrida, a lembrança voltou: o álbum de fotos, a carta.
A **carta que ela não leu — porque escolheu não ler. Não por medo. Nem por distração. Mas porque sabia que, uma vez aberto aquele envelope, não haveria mais volta.
E se o que estivesse ali mudasse tudo?
Respirando fundo, Clara deu meia-volta e decidiu que precisava ver as amigas.