O saguão do pequeno estúdio em Vinhedo, onde a entrevista seria gravada não tinha o glamour dos grandes canais. As paredes eram brancas e simples, e o sofá onde Luna esperava tinha marcas de uso — mas ali, ela se sentia segura. Pela primeira vez em muito tempo.
Do outro lado da sala, Gabriela fazia sinal de positivo com os dedos, encorajando-a em silêncio. A nova diretora da Fundação Aurora tinha sido um pilar nos meses mais recentes. Enquanto Luna se reerguia longe dos holofotes, Gabriela sustentava o legado que Luna havia construído e que ambas lutavam com tanto esforço.
— Pronta? — perguntou o jornalista, um homem de voz firme e olhar atento. Um dos poucos que se recusaram a embarcar na onda sensacionalista.
Luna respirou fundo.
— Pronta.
A gravação começou com perguntas simples: sua trajetória como enfermeira, o surgimento da Fundação, o trabalho com mulheres vítimas de violência psicológica e da mídia.
Mas então veio a pergunta que atravessou o ar como uma lâmina:
— Você acredita