O 24º andar do prédio da Ventura Holding ostentava poder em cada detalhe: vidro fumê, poltronas de couro, obras de arte modernas espalhadas com exatidão calculada. Mas Caio não se sentia parte daquilo. Nunca sentiu.
A empresa da família — herança de seu avô e orgulho do pai, Guilherme Ventura — sempre pareceu um universo à parte, onde emoção era vista como fraqueza e lealdade, como moeda de troca.
Naquela manhã, Caio estava sentado à mesa de reuniões com o pai à sua frente e Marina ao lado dele. A presença dela ali, naquele espaço onde antes Caio jamais a vira, causava um incômodo quase físico.
— O conselho está pressionando por uma posição oficial — disse Guilherme, direto ao ponto. — Sua imagem está arrastando o nome da empresa. Precisamos reagir.
— "Reagir"? — Caio ergueu uma sobrancelha. — Vai me demitir da família também?
O pai suspirou, como quem fala com um funcionário problemático.
— Não seja dramático. Só estamos dizendo que, neste momento, sua visibilidade faz mais mal do qu