O relógio da mansão marcava quase nove da noite quando o interfone soou, quebrando o silêncio da biblioteca onde Caio passava as últimas horas mergulhado em pesquisas.
A voz do segurança veio abafada:
— Senhor Caio, é a senhorita Marina. Disse que tem autorização para entrar.
Ele hesitou. Respirou fundo. E, pela primeira vez em muito tempo, disse com calma:
— Pode deixar entrar.
Não porque queria. Mas porque precisava.
Marina entrou como quem sempre pertenceu àquele espaço. De salto alto, blazer branco impecável e perfume doce demais, parecia confiante — mas os olhos denunciavam inquietação.
— Vim ver como você estava — disse, colocando a bolsa sobre a mesa como se fosse a dona da casa. — Fiquei preocupada depois da nossa conversa.
Caio permaneceu em pé, ao lado da estante, braços cruzados.
— Estranho. Você nunca demonstrou essa preocupação enquanto tudo desmoronava.
Ela sorriu, tentando suavizar.
— Que drama, Caio. Eu estive com você o tempo inteiro.
— Não. Você esteve com a versão p