O portão de ferro range com um lamento antigo. Luna empurra com cuidado, como se violasse um santuário. O campo se estende à frente deles, vasto e silencioso, com a grama alta sufocando os contornos das linhas. Era ali. Aldina. O lugar onde tudo mudou.

Caio permanece imóvel por um instante, ainda se acostumando com a frequência de visitas a Aldina. O sol filtra por entre as nuvens, desenhando sombras suaves sobre seu rosto. Ele gira as rodas da cadeira devagar, com hesitação, como se os pneus tocassem memórias, não terra.

— Você vem aqui sozinho? — Luna pergunta, olhando ao redor, tentando imaginar o passado que ecoa naquele lugar.

— Nunca — ele responde. — Só guardei, fechei, tentei pensar que não existia mais. Não tive coragem de vender. Nem de voltar. Até esses dias, até você.

O silêncio que se segue não é incômodo. É reverente.

Eles avançam até o centro do campo. Caio para ali, respirando fundo.

Luna novamente sente o peso invisível que aquele espaço carrega. O ar parece denso, ca