Amélie Moreau
Naquela manhã, quando abri os olhos, algo parecia diferente. O quarto estava banhado por uma luz suave e quente, o tipo de luz que há muito eu não via sem sentir o peito apertar. Pela primeira vez em semanas, eu não acordei com o nó na garganta ou o peso no coração. Havia... leveza.
Talvez fosse o tempo. Ou talvez, como Aurora diria, o universo estivesse tentando me dar um pequeno respiro depois de tanto sufoco.
Levantei da cama, prendi o cabelo e, por impulso, peguei um vestido florido do armário — o mesmo que usava antes de tudo desabar. O tecido leve deslizou pela pele, e por um instante senti culpa. Parecia errado vestir cores, sorrir, respirar sem dor. Mas também parecia... necessário.
— Talvez isso tenha nome e sobrenome. — ouvi a voz sonolenta de Aurora atrás de mim.
Levei um susto e quase derrubei o secador.
— Meu Deus, Aurora! Eu esqueci completamente que você dormiu aqui!
Ela riu e se espreguiçou, ainda enrolada no cobertor.
— Esqueceu porque está distraída dem