Amélie Moreau
Os dias começaram a passar rápido demais. A dor ainda existia, é claro, mas já não era um abismo sem fim. Era uma lembrança constante, um sussurro suave que às vezes doía e às vezes confortava.
As terças-feiras tinham se tornado o meu refúgio. O café da manhã com Noãn era o pequeno ritual que me fazia lembrar de respirar.
Acordava cedo, corria, tomava um banho rápido e caminhava até a cafeteria próxima à universidade. Lá, ele já estava — sempre pontual — sentado à mesa de sempre, no canto junto à janela, com um sorriso tímido e duas canecas de café fumegante esperando por nós.
— Bom dia, minha corredora preferida. — ele dizia, toda vez.
— Você nem corre, Noãn. — eu respondia, rindo, ao me sentar.
— Mas eu corro atrás de você. — ele retrucava, com aquele tom meio provocador, meio doce, que me fazia sorrir mesmo quando eu prometia não cair nas piadinhas dele.
Entre goles de café e pedaços de bolo de cenoura, conversávamos sobre tudo — aulas, livros, infância, música. Ele s