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CAPÍTULO 5– A QUEDA DO PRÍNCIPE 2

ISTAMBUL – ZONA PORTUÁRIA – 03h12

A noite cheirava a óleo e pólvora. Os containers estavam dispostos como um labirinto, e homens armados aguardavam silenciosamente entre eles. Leonardo ajustou o relógio e observou a movimentação dos drones pelo tablet. Tudo estava no lugar.

— O carregamento de Rael vai chegar em menos de três minutos — disse Matteo, baixando o binóculo.

— E quando chegar, vai encontrar algo que ele não esperava.

No centro da emboscada, estavam disfarçados membros do clã de Palermo, que antes juravam lealdade a Rael. Agora, vendidos. Subornados. Redirecionados.

Um deles aproximou-se de Leonardo.

— Você tem certeza que quer começar por Istambul? Ele tem olhos aqui.

— Eu quero que ele veja.

Às 03h15 em ponto, o navio atracou. O símbolo Vasquez ainda pintado na lateral — uma serpente devorando a própria cauda. Mas ao pisar no cais, os homens da tripulação foram recebidos com silêncio. E logo depois, fogo.

Explosões engoliram os dois primeiros caminhões. Gritos. Correria. Tiros rasgando a madrugada.

Leonardo surgiu no meio da fumaça, em pé sobre um dos containers, com um lança-chamas em mãos.

— Diga ao bastardo do inferno… que Santorini voltou ao jogo.

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LONDRES – COBERTURA VASQUEZ – 06h18

O vídeo da explosão já circulava entre as redes privadas do submundo. Rael assistia em silêncio. Seus olhos estavam semicerrados, os dedos tamborilando o braço da poltrona.

— Ele queimou tudo. Perdeu o medo — disse Stepanov.

— Não. Ele só descobriu que o medo… é uma arma.

— E o que vamos fazer?

— Vamos deixá-lo avançar mais um pouco.

— Senhor, perdemos a rota de Marselha também.

— Então ele está cortando o meu oxigênio. Quer me sufocar?

Rael sorriu, mas não havia alegria ali.

— Ainda assim… ele esqueceu quem ensinou a sufocar.

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VIENA – GALPÃO SANTORINI – 12h50

Mikhail jogou os jornais sobre a mesa. As manchetes falavam de terrorismo, tráfego interrompido, rumores de guerra civil no comércio europeu.

— Está escalando isso rápido demais — disse ele.

— Não há tempo. Giuliano preparou Rael como um vírus. Cada cidade que ele toca, contamina.

— E você quer ser a cura?

Leonardo levantou os olhos. Havia algo em seu semblante mais duro, mais frio.

— Quero ser o fim da linhagem.

Mikhail bebeu um gole de vodka e se aproximou do quadro estratégico.

— Você precisa de apoio do Oriente. A máfia de Odessa pode nos fortalecer.

— Já tentei. Eles respondem apenas a um nome.

— Ela.

— Então traga-a.

Mikhail sorriu.

— Você não sabe o que está pedindo.

— Não importa. Eu tenho até o fim da lua cheia para virar o tabuleiro.

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MOSCOU – INTERIOR DA CATEDRAL BRANCA – 21h44

Ela caminhava entre os vitrais destruídos, com um manto escuro arrastando no mármore rachado. Chamavam-na de Ravena, a dama de Odessa. Uma assassina criada entre padres e pistolas, sobrevivente de todos os massacres da última década.

— Ele ousa me chamar — disse ela, olhando para Mikhail com um leve desprezo.

— Leonardo Santorini oferece mais do que dinheiro. Ele oferece justiça.

— Justiça é para fracos. Eu quero dívida de sangue.

— Rael executou teu irmão.

— Então me leve até ele.

Ravena recolheu a adaga de prata do altar e tocou a cruz invertida no peito.

— Diga a Leonardo que eu me junto à guerra. Mas se ele cair… eu mesma corto a cabeça dele.

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ROMA – MANSÃO VASQUEZ – 03h00

Nike Vasquez acordou com uma mensagem codificada. Ao abrir, um vídeo da explosão em Istambul seguido por um áudio: a voz de Leonardo.

"Se o nome Santorini foi enterrado… eu o desenterrei com as próprias mãos. O próximo será o nome Vasquez. E não usarei flores para cobrir seus túmulos."

Ela deixou o celular cair na cama e sentou-se lentamente.

— Ele se tornou Dominick — murmurou.

Nolan entrou logo em seguida, com uma pasta preta em mãos.

— Precisamos votar no conselho.

— Votar o quê?

— Se Leonardo ultrapassar a linha... ele se tornará um alvo mundial.

Nike hesitou.

— E se ele for a única chance de limpar o sangue de Giuliano?

Nolan a olhou com tristeza.

— Então todos nós estamos condenados.

GENEBRA – HOTEL IMPERIAL – 19h19

As luzes da suíte estavam apagadas. Apenas o brilho da cidade refletia nas janelas envidraçadas. Leonardo estava sentado à mesa com Ravena à sua frente. Mikhail, em pé, observava o horizonte. A aliança havia sido selada com sangue e silêncio.

— Temos o porto de Istambul, a rede de Marselha, os dados da colmeia russa e os mercenários da Bósnia prontos — disse Ravena, riscando o mapa com uma adaga. — Falta apenas a permissão da fronteira do sul.

— Já enviei Matteo para negociar com os libaneses — respondeu Leonardo.

Mikhail pigarreou, incômodo.

— E Lisboa? Você confia na Alys?

— Ela entregou os nomes que Rael usa como escudo. Sem ela, não teríamos interceptado a rota de armas da Síria. Ela pode odiar Giuliano... mas odeia Rael mais ainda.

Ravena cruzou as pernas, sem disfarçar o desafio.

— E você, Leonardo? Quem você odeia mais?

— A mim mesmo — disse ele, sem hesitar. — Porque mesmo sabendo que isso pode destruir tudo... continuo indo em frente.

Ela sorriu.

— Então é digno do trono.

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BARCELONA – BAIRRO GÓTICO – 22h03

Stepanov entrava disfarçado em um velho teatro desativado. O local era ponto de encontro de mercadores de guerra e informantes da velha guarda. Lá dentro, uma mulher o aguardava.

— Então é verdade — disse ela. — Leonardo uniu os esquecidos.

— E Rael os matará novamente. Com uma nova arma.

Ela deslizou um pen drive pela mesa.

— Está tudo aqui. O nome do projeto. Os cientistas. Os locais. Rael quer um império... não só de armas. Mas de controle total. DNA, rastreamento, manipulação biológica.

Stepanov engoliu seco.

— Isso não é apenas poder. É dominação genética.

— E você... ainda serve um monstro desses?

O russo não respondeu. Pegou o pen drive e saiu sem olhar para trás.

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GENEBRA – SUÍTE SANTORINI – 00h10

Leonardo ouvia a gravação no computador. O projeto se chamava Nêmesis. Um experimento baseado em sangue híbrido, testado em prisioneiros políticos e filhos de desertores. Giuliano começou. Rael aperfeiçoou.

— Ele está preparando o legado para sobreviver à morte — disse Mikhail, atrás dele. — Isso não é mais apenas uma guerra de tronos. É evolução artificial.

— E nós? — Leonardo perguntou. — Somos apenas peças de um jogo que nunca acaba?

Ravena entrou na sala, com a arma na mão.

— O jogo só acaba quando alguém derruba o tabuleiro.

— Então vamos quebrar as pernas do jogador.

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ROMA – SALÃO DO CONSELHO – 09h00

As luzes foram apagadas. O símbolo da Rosa Negra — insígnia do conselho máximo das famílias — foi projetado no chão. Um a um, os líderes se reuniam ao redor da mesa de pedra.

Nike sentou-se, fria. Nolan permaneceu de pé. Os demais — Chefes de Nova York, Tóquio, Lisboa, Palermo e Istambul — também estavam presentes.

— O assunto é Leonardo Santorini — começou Nolan. — Suas ações recentes ultrapassaram os limites. Ele violou tratados, destruiu rotas comerciais e reativou alianças proibidas.

— Ele também impediu o avanço bioterrorista de Rael Vasquez — rebateu Nike.

— Com sangue — retrucou o chefe de Nova York.

O voto foi iniciado.

Dois contra Leonardo.

Dois a favor.

Um em branco.

Restava Nike.

Ela fechou os olhos. Por um instante, viu o rosto de Dominick. Depois, o de Amara. E por fim... Leonardo, o menino que segurava a mão dela com medo do escuro.

— Eu voto a favor de Leonardo.

O salão explodiu em murmúrios. Nolan a olhou como se ela tivesse matado um deus.

— Você selou o fim da paz.

— Não. Eu escolhi o fim do medo.

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FRONTEIRA ENTRE ÁUSTRIA E ESLOVÊNIA – 18h47

O comboio de Rael cruzava a fronteira com quinze SUVs blindados. Dentro de um dos carros, Stepanov mantinha a mão fechada sobre o pen drive. Ele hesitava. Sabia que, se entregasse aquilo a Rael, selaria o destino de milhares.

Mas se entregasse a Leonardo… estaria traindo o juramento de anos.

O rádio chiou.

— Inimigos a cinco quilômetros.

— Preparar ataque.

— Alvo prioritário: Leonardo Santorini.

Stepanov fechou os olhos.

— Não.

Ele girou o volante, mudou o rumo e desviou do comboio. Do rádio, gritos. Ordens. Confusão.

Mas era tarde demais. O traidor partira com o segredo.

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GENEBRA – VARANDA DA SUÍTE – 21h59

Leonardo acendeu um charuto. Ao seu lado, Ravena apontava para o céu noturno com um binóculo.

— Ele vem.

— Rael?

— Não. O prenúncio. A noite da ruptura.

Mikhail surgiu com uma mensagem urgente.

— Stepanov desertou. Está vindo pra cá. E tem algo com ele.

Leonardo jogou o charuto fora e se levantou.

— Preparem tudo. Vamos abrir as portas. O que vier… enfrentaremos com fogo.

Ravena sacou as duas pistolas e sorriu.

— O príncipe caiu. Agora... nasce o imperador.

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