O dia da minha liberdade finalmente chegou.
Mas não parecia real.
Não quando você carrega o peso de meses enjaulado, comendo ódio no café da manhã e dormindo abraçado com a revolta. A cela parecia menor do que nunca. O ar, mais pesado. Era como se as paredes soubessem que eu estava prestes a deixá-las, e me odiavam por isso.
A porta se abriu devagar. Meu advogado entrou com a mesma postura de sempre, mas os olhos... os olhos entregavam tudo.
Tinha merda vindo. Ou milagre.
— Playboy... — ele começou, pigarreando como se as palavras fossem grandes demais para a garganta dele. — Você vai ser solto.
Eu ri. Baixo. Irônico.
Não tinha força para comemorar. Porque quando você apanha da vida por tempo demais, nem notícia boa te faz sorrir de primeira. Você desconfia. Espera o soco depois do carinho. Mas ele não parou.
— E tem mais.
Pausa. Longa o bastante para me deixar tenso.
— Seu filho nasceu.
Aquelas palavras...
Não foi um soco. Foi um terremoto no meu peito.
Meu filho.
Me faltou o