Era domingo, mas nada tinha paz. Eu me recusei a ficar em casa lambendo as feridas. Já tinha chorado demais, engolido humilhação demais. Decidi ir à praia com Gabriela e Eric, porque eu precisava respirar, precisava lembrar que ainda era dona de mim. Escolhi um biquíni minúsculo, provocante, de um azul que deixava minha pele dourada. Eu queria me sentir viva, desejada, e queria, sim, ver se ele ainda se corroía por dentro como dizia.
Quando eu estava prestes a sair, a porta do quarto escancarou com tudo. O cheiro dele veio antes da voz, aquele perfume misturado com cigarro e arma. Playboy.
— Você vai sair assim? — a voz saiu baixa, mas carregada de veneno. Ele parou na porta me olhando como se quisesse me matar.
Fingi que ele não existia enquanto passava gloss nos lábios. Peguei meus óculos, a bolsa de praia, e quando passei por ele, vi os olhos escuros me queimando de cima a baixo.
— Vou, sim. Gabriela e Eric estão me esperando.
— Você acha bonito isso? Tá grávida do meu filho e