Dias se passaram, mas a dor não cedia. Não era só dor, era humilhação. Era raiva crua, misturada com um gosto amargo de vergonha. Eu virei assunto no morro. Meu nome virou sinônimo de piada, sussurrado em voz baixa nas rodas de fofoca. Como se meu sofrimento fosse entretenimento gratuito.
Ele me traiu no baile. No maldito baile. Na frente de todo mundo. Como se eu fosse só mais uma, descartável, sem valor. Como se eu não tivesse entregue tudo a ele. Corpo, tempo, alma. Playboy me jogou na lama e acenou pro público. E eles aplaudiram.
Minha mãe? Nem vale mencionar. Ela dizia que eu precisava erguer a cabeça, mas como, se ela mesma nunca soube o que era ser exposta desse jeito? Como se frases feitas pudessem colar os cacos que ele deixou para trás.
Eu estava na praça com Gabriela e Eric. Lugar simples, mas era onde eu tentava respirar. Onde fingia que ainda tinha controle. Mas até ali, as sombras me seguiam. Os cochichos, os olhares de pena ou de deboche. Eu sentia tudo na pele, como