O silêncio dentro do carro estava ensurdecedor. Tão pesado que parecia ter um corpo. Saímos da casa da tia dela como dois estranhos. Isabela encarava a janela como se eu nem estivesse ali. E eu? Eu estava a ponto de explodir.
Minha vontade era sumir. Sumir pra caralho. Meter o pé, sumir na mata, na boca, no que fosse. Só para não ter que encarar o jeito que ela me olhava. Ou pior, o jeito que ela não me olhava.
— Vou te deixar em casa e depois vou pra boca. — avisei, seco, quase cuspindo as palavras. A mão firme no volante, os olhos fixos na rua, mas a cabeça borbulhando. Eu tentava manter a calma, mas a irritação escorria da minha voz.
Ela virou o rosto devagar, me encarou como se estivesse vendo um desconhecido.
— Faz o que quiser, Lucas. Eu só quero ficar sozinha. — Fria. A voz dela era uma lâmina gelada cravando no meio do meu peito.
Sozinha. Sempre essa porra de “ficar sozinha”.
Ela não fazia ideia do quanto isso me irritava. Eu estava ali, fazendo o que podia, engolindo me