Isabela Andrade
Quinta-feira, 15 de setembro de 2022
A manhã entrou devagar pelo quarto, com a luz filtrada pelas cortinas pesadas. Eu ainda estava cansada, como se a noite não tivesse me dado descanso algum. Mal havia pregado os olhos. As palavras de Matheo martelavam em mim como um sussurro constante: “Você não está mais sozinha.”
Levantei, vesti um vestido de algodão claro e desci para o andar de baixo. O silêncio da casa era quebrado apenas pelos passos leves de Amélie no corredor. Ela surgiu, atenta como sempre.
— Dormiu bem, mademoiselle? — perguntou, em seu tom gentil.
Sorri de leve, mesmo sabendo que era uma meia-verdade.
— Sim, obrigada, Amélie.
Ela me acompanhou até a mesa do café. Peguei apenas uma xícara de chá e uma fatia de pão. Não queria dar a ela mais motivos para se preocupar, embora meu corpo gritasse de cansaço.
Enquanto mexia a colher dentro da xícara, pensei no ateliê. Lá estava meu refúgio. As telas, as tintas, os traços… o único lugar onde eu ainda sentia que t