O tempo parecia ter desacelerado desde a confirmação da publicação. Evelyn percebia agora cada detalhe dos seus dias com mais presença: os raios do sol atravessando a janela da sala de estar, o barulho da chaleira pela manhã, os passos de Lucas no corredor, os silêncios partilhados que antes pareciam incômodos — mas que agora tinham sabor de cumplicidade.
O contrato havia sido assinado. O livro seria publicado no início do próximo ano, com direito a uma sessão de lançamento e uma pequena turnê por livrarias. As editoras estavam empolgadas, mas Evelyn ainda lidava com um misto de entusiasmo e vulnerabilidade. Porque escrever havia sido como expor a pele crua. Publicar seria oferecer essa pele ao mundo.
Lucas respeitava seu tempo. Não a pressionava. Sabia quando falar, quando calar, quando apenas a puxar para o sofá e colocá-la contra o peito, como se dissesse: “Se o mundo pesar, me deixa carregar um pouco com você.”
Certa noite, os dois estavam sentados na varanda. Evelyn escrevia em s